Por Regina Duarte, em 1º/05/2020
Em 1º de maio de 1886, nos Estados Unidos da América, em Chicago, trabalhadores paralisaram suas atividades para reivindicar redução da jornada de trabalho para 8 horas. Esta manifestação provocou greve geral, violência e mortes. A data vem sendo lembrada em comemoração no mundo inteiro, desde então, inclusive no Brasil.
Comemorar este dia no ano corrente não é tarefa fácil.
Antes da covid 19 o número de desempregados no Brasil chegou a 13 milhões. Com a pandemia, estima-se que 804 mil pessoas precisam recorrer ao seguro-desemprego, a par dos trabalhadores informais, subempregados e desempregados que vivem em total desamparo.
Comemorar agora, portanto, é para poucos. Só aqueles que, como nós, não se privaram de quase nada. O isolamento foi o pior, talvez o único incômodo. Mantivemos nosso trabalho e muitos de nós as suas retribuições intactas.
Há os outros trabalhadores, no entanto, para quem o 1º de maio de 2020 será lembrado, como em 1886, como um dia de luta. Não pela redução da jornada, senão por uma jornada a cumprir.
Convido, assim, todos à reflexão sobre o que comemorar no próximo dia 1º de maio.
Para muitos, privilegiados, a continuidade do trabalho.
Para outros, deixo aqui uma palavra de esperança, de que num futuro próximo e urgente, encontrem um trabalho que amem fazer, para que, como dizia Confúcio, não precisem trabalhar um dia sequer em suas vidas.
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Regina Duarte é Presidente da APDT-Academia Paulista de Direito do Trabalho.
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As opiniões aqui publicadas são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da APDT e seus acadêmicos.
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